Mal acostumados pela sopa que a mamãe preparava todo dia, tivemos que aprender a fritar ovos. Começamos a levar a gastronomía na esportiva: aprender a picar alho, cortar cebola sem chorar, entender as diferentes formas de cozinhar as verduras, atingir o exato momento do "al dente", etc. E foi assim que descobrimos um mundo novo - a cozinha (e comer bem depois, lógico!).
Curiosos por aprender diferentes gastronomías e provar novas especiarias, começamos a organizar jantares internacionais na Casa Verdi, convidando amigos de diferentes partes para prepar algum rango típico de sua terra; provamos comida grega, italiana, japonesa, brasileira, ... e mexicana.
Uma noite de abril a nossa amiga Alica venho preparar tacos, nachos y burritos; e foi o chilli da gastronomía mexicana que nos deu uma grande indigestão! Eramos mais de dez amigos na Casa comendo guacamole e tomando tequila, num ambiente à luz de velas e ao som de Oye Cómo Va de Carlos Santana; e bom, esse sábado terminamos indo pra balada.
O som não estava dos melhores mas estávamos todos alegres, até que meu celular começou a tocar: era a Lua, nossa querida roommate que tinha ficado em Casa essa noite. Eu não conseguía distinguir o que eram palavras e o que era choro, e o eletrónico alto não ajudava. Depois de muitos "quês???" eu ouví "CARAJO LA CASA SE ESTÁ QUEMANDO!", e então a ligação caiu. tu-chi tu-chi tu-chi, o som continuava alto; e eu, pensativo... "será que ela tá me sacaneando??".
Contei o ocorrido pro Deco e decidimos pegar um taxi e pagar pra ver. Não conseguimos chegar até a Casa pois a polícia tinha bloqueado nossa rua três quarteirões antes da nossa porta: "No pueden pasar, hay un incendio aquí abajo", ele disse. Fudeu!
Saí do taxi e corrí até a Casa; e que surpresa: 2 caminhões de bombeiros, polícia e ambulância! Os vermelinhos estavam escalando o nosso prédio (tem a nossa casa e 2 andares encima) para evacuar-lo!! Cowboy, foi Surreal!
A situação se acalmou, os bombeiros sairam de casa com a manguera e fizemos toda a burocrácia do "que que rolou aqui??". Resulta ser que deixamos algumas velas acessas na casa quando saimos pra rumba, e uma delas, que estava encima da TV da casa, sobreaqueceu e derreteu o plástico do aparelho; a chama entrou dentro da velha TV e então começou o fogo. Ela e parte de um dos sofás que estava próximo do fogo foram as únicas perdas, mas vocês não tem idéia do que a fuligem pode fazer!
A Casa inteira estava preta! Tudo o que você poder ver, tocar, respirar o sentir estava tomado por fuligem... Contamos com a boa vontade de vários amigos para limpar a casa, lavar toda a louça nas banheiras, varrer as paredes e teto, entre muitos outros. No terceiro dia consecutivo de limpeza tinhamos a sensação de que ainda faltava a maioria; não importa o esforço, a fuligem segue ai!
Conseguimos ativar o seguro e por 2 semanas tivemos a presença de dois pintores figuras; tivemos que pintar toda a Casa! Para evitar respirar muita fuligem, eu acampei na terraça por uma semana; Top!
Sem mais nem menos, vou temperar este artigo com a foto mais absurda que eu tenho junto ao Badeco, um dia depois do incendio.
Arriba, abajo; al centro, adentro!
Matias
